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Tecnologia
Diego Nunes Abreu: a educação está perdendo para a tela?
PUBLICADO POR: REDAçãO 1 | PORTALOZK.COM - 27/10/2025 - 11:10

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É impossível fingir que nada está acontecendo. Sou professor e vivo, todos os dias, a luta desigual entre conhecimento e distração. Do outro lado está ele, o aparelho, pequeno e brilhante, que cabe na palma da mão: o celular. Mesmo com a Lei nº 15.100/2025 restringindo o uso de celulares nas escolas, a verdade é que ela não tem entrado pelas portas das salas de aula. Os celulares continuam lá, escondidos entre livros e cadernos, debaixo das mesas ou até debaixo das pernas. A lei existe, mas seu cumprimento, não.

Outro dia, vi um aluno mexendo no celular (uma cena muito comum), já no finalzinho da aula. Pedi que ele guardasse. Ele pediu o famoso "Espere um pouquinho". Fui até ele e o vi jogando. Estiquei meu braço para tomar o aparelho. Ele recusou: "Você não vai botar a mão no meu telefone, não." E se levantou. Fiquei engasgado com esse episódio por três dias.

O que se vê hoje é uma geração cada vez mais dependente da tela. Os alunos não conseguem mais passar dez minutos (estou sendo gentil) sem conferir notificações do Instagram, do TikTok ou do WhatsApp. Quando não estão nas redes sociais, estão jogando Free Fire, Minecraft ou outro jogo qualquer. E o problema não é o celular em si, e sim a forma descontrolada com que ele tem invadido a sala de aula e atropelado qualquer tentativa de aprendizagem. O professor fala e o aluno rola a tela. O professor explica e o aluno ri para o telefone. A aula vira apenas um ruído distante.

E, como se não bastasse a distração constante, agora temos um inimigo ainda mais silencioso: a cola com uso de Inteligência Artificial. Textos prontos, redações “perfeitas” feitas em segundos, respostas automáticas para qualquer atividade. Parece mágica, mas é só preguiça disfarçada de tecnologia. Muitos estudantes já nem tentam pensar. Quando o professor propõe uma produção de texto, o aluno pergunta: “Posso fazer no celular?” Eu já sei o que isso significa. Significa que ele não vai escrever. Vai mandar a IA escrever por ele. E onde fica o raciocínio? Onde entra o desenvolvimento da escrita, da interpretação, da criatividade?

O celular deveria ser um aliado pedagógico, e não um atalho para a falta de esforço. Mas estamos perdendo a batalha porque muitos pais acham “normal” o filho usar o aparelho a todo momento. Alguns até reclamam quando a escola tenta aplicar a lei, como se impor limites fosse uma agressão ao direito da criança. A pergunta que eu faço é: desde quando estudar virou opção?

Não estou defendendo um retorno ao passado (até penso, às vezes) ou a um mundo sem tecnologia. Pelo contrário. Quero uma escola que ensine o estudante a usar o celular com responsabilidade, de forma crítica e educada. Mas antes disso, é preciso recuperar algo muito simples que a tecnologia atropelou (queria dizer "roubou"): a capacidade de prestar atenção. Sem concentração, não há estudo. Sem estudo, não há conhecimento. Sem conhecimento, não há futuro.

Por fim, deixo aqui meu apelo: que a Lei nº 15.100/2025 seja cumprida de verdade, e que o debate sobre o uso consciente do celular comece dentro de casa. Que os pais sejam aliados dos professores e que os estudantes entendam que aprender exige foco e esforço. Educação não se faz com atalhos. Se fosse fácil, não seria educação.


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