O município do Rio de Janeiro entrou em estágio 2 de atenção nesta terça-feira (28), segundo o Centro de Operações e Resiliência (COR) da Prefeitura, devido à megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da cidade. O nível de atenção, que vai até 5, indica risco de ocorrências de alto impacto, como confrontos, bloqueios de vias e ameaças à segurança pública.
A ação, batizada de “Operação Contenção”, foi deflagrada nas primeiras horas da madrugada e mobiliza 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, com o objetivo de prender lideranças criminosas e enfraquecer o Comando Vermelho (CV), facção dominante em parte das favelas cariocas. Até o momento, 64 pessoas morreram, sendo quatro policiais — dois civis e dois do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Além dos mortos, mais de 80 suspeitos foram presos, entre eles chefes e operadores do CV vindos de outros estados, como Pará, Bahia e Espírito Santo. A operação é considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro.
CIDADE PARALISADA: BLOQUEIOS, TIROTEIOS E CAOS NO TRANSPORTE
O impacto foi imediato e devastador na rotina da cidade. Mais de 100 linhas de ônibus tiveram itinerários alterados ou suspensos, segundo a Rio Ônibus. Vários coletivos foram usados como barricadas em diferentes bairros, especialmente na Zona Norte e na Zona Oeste.
Os corredores Transbrasil e Transcarioca do BRT foram interrompidos, assim como os serviços de conexão. Ruas importantes de Jacarepaguá, como a Estrada do Gabinal, Estrada dos Três Rios e Avenida Geremário Dantas, foram interditadas.
As principais vias expressas do Rio também foram afetadas. A Linha Amarela, uma das mais movimentadas da cidade, foi fechada em vários trechos, assim como partes da Avenida Brasil, que corta o município de ponta a ponta. A Estrada Salazar Mendes de Morais, na Cidade de Deus, também está bloqueada nos dois sentidos.
Em bairros como Méier, Engenho Novo e Água Santa, barricadas, ônibus atravessados e tiros vindos de morros transformaram o cenário urbano em zonas de guerra. Na Rua Dias da Cruz, principal via do Méier, o tráfego ficou interrompido por mais de 30 minutos.
Segundo a Polícia Militar, criminosos chegaram a usar drones com explosivos, lançando bombas sobre as tropas em ação — uma tática inédita em operações recentes.
UNIVERSIDADES E SERVIÇOS PÚBLICOS SUSPENSOS
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) suspenderam todas as atividades acadêmicas, assim como as unidades da Faetec. Escolas municipais e estaduais, além de postos de saúde nas regiões afetadas, não abriram as portas por falta de segurança.
REAÇÃO DA SOCIEDADE E DA ALERJ
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) divulgou nota manifestando “extrema preocupação com a escalada de violência” e prometeu acionar o Ministério Público e as polícias Civil e Militar para cobrar explicações sobre a operação.
A presidente da comissão, deputada Dani Monteiro (PSOL), criticou duramente a ação: “Nenhuma política de segurança pode se sustentar sobre esse banho de sangue. O Estado não pode continuar tratando a vida das vítimas como descartável, nem as favelas como território inimigo. É preciso garantir a proteção de moradores e policiais, priorizando direitos, inteligência e planejamento, em vez de violência e terror.”
OPERAÇÃO CONTENÇÃO: ALVOS E RESULTADOS
A Operação Contenção é uma iniciativa do governo estadual para impedir o avanço do Comando Vermelho sobre novos territórios. Nesta terça-feira, as forças de segurança saíram para cumprir mais de 100 mandados de prisão.
No confronto, foram apreendidos mais de 75 fuzis, pistolas, granadas e 09 motocicletas. A Secretaria de Segurança confirmou também a prisão de Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão do Quitungo, apontado como um dos chefes regionais do CV, e de Nicolas Fernandes Soares, considerado operador financeiro do alto comando da facção, ligado a Edgar Alves de Andrade, o “Doca” ou “Urso”.
Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, Victor Santos, a operação foi planejada com antecedência, sem apoio do governo federal. “Toda a logística é do próprio estado. São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem no Rio de Janeiro. Lamentamos profundamente as vidas perdidas, mas essa é uma ação necessária, planejada e baseada em inteligência”, afirmou o secretário. Ele destacou que cerca de 280 mil pessoas vivem nas áreas afetadas e que a operação “vai continuar”.
POLICIAIS MORTOS
Entre os agentes mortos estão:
- Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51 anos, conhecido como Máskara, chefe de investigação da 53ª DP (Mesquita);
- Rodrigo Velloso Cabral, 34 anos, da 39ª DP (Pavuna);
- Cleiton Searafim Gonçalves, policial do Bope;
- Herbert, também do Bope.
REAÇÕES DO CRIME E CENAS DE GUERRA
Logo após o início da operação, traficantes do CV ordenaram represálias em várias partes da cidade. Barricadas e ataques coordenados ocorreram em ao menos 10 bairros. Vídeos que circulam nas redes mostram intensos tiroteios, colunas de fumaça e moradores desesperados tentando se proteger dentro de casa. Um dos registros contabiliza quase 200 disparos em um único minuto. As forças de segurança relatam que parte dos criminosos fugiu pela mata e por rotas alternativas, em uma cena que lembra a fuga em massa durante a ocupação do Complexo do Alemão em 2010.
RECOMENDAÇÕES DA PREFEITURA DO RIO
Diante do caos, a Prefeitura do Rio reforçou as seguintes orientações:
- Evite circular nas regiões impactadas;
- Permaneça em local seguro;
- Acompanhe informações oficiais pelos canais do COR;
- Baixe o aplicativo COR.Rio, disponível para Android e iOS;
- Em caso de emergência, ligue 190 (Polícia Militar) ou 193 (Corpo de Bombeiros).
O MAIOR BANHO DE SANGUE DA DÉCADA
Com 64 mortos confirmados — sendo 60 suspeitos, 04 policiais e 03 civis feridos —, a Operação Contenção já é a mais letal da história recente do Rio de Janeiro. O número pode aumentar, já que novos confrontos continuam sendo registrados na Penha e no Alemão. Helicópteros sobrevoam as áreas de mata e há relatos de tiroteios esporádicos durante toda a tarde. Enquanto o governo estadual defende a ação como “necessária e estratégica”, organizações de direitos humanos e moradores denunciam violência desproporcional e falta de controle das forças de segurança. Números ainda podem aumentar, já que a operação segue em andamento.
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