Você já ouviu falar em fenótipo sanguíneo raro? No Hemocentro Regional de Campos (HRC), casos como esse, embora incomuns, revelam o quanto a doação de sangue pode ser ainda mais crucial para determinados pacientes. Além do sistema ABO e RH, existem mais de 50 sistemas de grupos sanguíneos e, em alguns casos, a transfusão só pode ser feita com sangue de doadores que apresentem exatamente o mesmo fenótipo, tão raro quanto o do receptor.
A médica hematologista e hemoterapeuta Laura Pessanha Duarte explicou que esses tipos sanguíneos são muito menos prevalentes na população. “A gente não classifica as pessoas apenas pelo sistema ABO e RH. Existem hoje 53 sistemas de grupos sanguíneos reconhecidos. Quando uma pessoa desenvolve anticorpos contra esses outros sistemas, a transfusão precisa ser extremamente compatível. Isso exige testes laboratoriais específicos, com reagentes diferenciados, que ajudam a identificar o fenótipo ideal para garantir segurança transfusional”, detalhou.
Laura destacou que, em geral, o sangue é compatibilizado apenas pelo sistema ABO e RH. No entanto, pacientes com fenótipos raros precisam de uma análise mais detalhada, principalmente em casos de tratamentos prolongados, como em doenças oncológicas. “É como se organizássemos a doação de forma direcionada: se sabemos que existe alguém com um tipo sanguíneo raro, ativamos um doador com o mesmo perfil para atender à necessidade da pessoa durante o tratamento”, esclareceu.
A médica também faz um alerta sobre a dificuldade de conseguir estoques de RH negativo. “Cerca de 85% da população é RH positivo. Ou seja, apenas 15% é RH negativo. Mesmo não sendo considerado raro, o RH negativo é difícil de manter em estoque, porque a doação também é menor”, contou.
Responsabilidade e cidadania
A necessidade de doações é constante e o cenário atual preocupa. “Viemos de um período com muitos feriados, o que reduziu o comparecimento. As pessoas viajam, se envolvem com outras atividades e esquecem de doar. Mas, os acidentes, a violência urbana e as emergências não tiram folga. O Hospital Ferreira Machado, por exemplo, é referência em trauma e tem uma demanda transfusional enorme”, lembrou a médica.
Doar é salvar vidas e algumas doações podem ser ainda mais especiais. O doador regular Matheus Almeida é um exemplo disso. Com um fenótipo sanguíneo raro, ele recebeu a notícia do Hemocentro com alegria e responsabilidade. “Comecei a doar por causa de parentes que precisaram. Depois, continuei por iniciativa própria. Quando recebi a ligação informando que meu sangue é raro, fiquei muito feliz. Saber que há pessoas específicas que só podem receber o meu tipo me deu ainda mais motivação para seguir ajudando”, revelou.
Segundo Matheus, o acompanhamento da equipe do HRC é constante. “Eles sempre me orientam sobre os cuidados, a frequência ideal de doação e os cuidados que devo ter, já que pode chegar o dia em que eu mesmo precise. É gratificante saber que posso salvar vidas, e espero que mais pessoas tenham essa consciência e empatia”, finalizou.
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