O cantor Marlon Brendon Coelho Couto da Silva, o MC Poze, prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Câmeras, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nesta segunda-feira (20). O artista atribuiu ao fato de ser famoso a rápida recuperação de seu carro, que havia sido roubado no dia 19 de setembro. Além disso, os deputados ouviram duas representantes de associações de proteção veicular - a AutoBom e a Atento.
MC Poze retomou a posse de seu carro, uma Land Rover Defender blindada, poucas horas depois de o automóvel ser roubado no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Sudoeste do Rio de Janeiro. Segundo o cantor, isto se deu porque ele é uma pessoa pública, com milhões de seguidores nas redes sociais, de modo que seus fãs se mobilizaram para encontrar o carro, que possui partes personalizadas com o nome de Poze.
"Eu já sabia que meu carro não ia demorar a aparecer porque eu sou uma pessoa mundialmente reconhecida. Tenho meu Instagram com 16 milhões de pessoas e quatro milhões de seguidores veem meus stories todos os dias. Meu carro é o único [desse modelo] todo vermelho no Rio de Janeiro e tem meu nome nos bancos. Para mim era óbvio que, depois que eu postasse, ele seria encontrado, e ele foi achado largado", explicou Poze.
Além disso, o cantor afirmou que o roubo foi registrado em sede policial e negou que a rápida recuperação do automóvel tenha sido facilitada por um suposto vínculo dele com uma facção criminosa. Depois de prestar os esclarecimentos, MC Poze optou por permanecer em silêncio, seguindo orientação de sua advogada e também em decorrência de habeas corpus concedido pelo Poder Judiciário, desobrigando o cantor a responder às perguntas da comissão.
O presidente da CPI, deputado Alexandre Knoploch (PL), considerou as explicações satisfatórias e disse considerar superada a apuração em relação ao artista. "A gente queria que o MC Poze esclarecesse sobre essa recuperação e ele explicou, mesmo estando com um habeas corpus para poder ficar em silêncio, na condição de testemunha. O caso dele está superado e vamos seguir para os próximos passos", afirmou.
Já o vice-presidente do colegiado, deputado Marcelo Dino (União), frisou que a CPI não pessoaliza os fatos investigados, mas sim apura possíveis irregularidades que possam estar beneficiando o crime organizado. "Não há nada pessoal contra ninguém, o que esta CPI busca é a legalidade. Queremos trazer segurança para o Estado do Rio de Janeiro e elucidar tudo aquilo que está acontecendo de errado", pontuou.
Regulamentação das associações
Durante a reunião, os deputados apresentaram detalhes do Projeto de Lei 6.558/25, proposto pela CPI para regulamentar as associações de proteção veicular e controlar a comercialização de peças automotivas usadas ou recondicionadas. A proposta, que estabelece uma série de normas para a atuação dessas entidades no Estado do Rio, está em tramitação na casa.
O relator da comissão, deputado Filippe Poubel (PL), explicou que a CPI já comprovou a existência de uma série de irregularidades na atuação dessas associações. "Apresentamos um projeto de lei para regular toda essa situação. Vimos uma série de materialidades que levam à prática de crimes contra a sociedade e os cofres públicos praticados pelas associações", disse.
Associações respondem questionamentos
Em sua oitiva, a presidente da Associação AutoBom, Naijane Serrano Cruz, confirmou que a entidade terceiriza serviço de monitoramento junto à Motorsat, empresa de propriedade de seu irmão, Evaldo Serrado, que é fundador da AutoBom, a qual presidiu até o ano passado. Naijane afirmou que a associação cobre aproximadamente 2,5 mil veículos, com mensalidades na média de R$ 179 cada, gerando um faturamento de R$ 380 mil/mês. Dessa mensalidade, entre R$ 45 a R$ 50 são repassados à Motorsat.
Os deputados observaram que a situação caracteriza possível crime contra a ordem tributária e deliberaram, por unanimidade, pela convocação de Evaldo para a próxima reunião. Além dele, deverão ser ouvidas outras pessoas ligadas à AutoBom e à MotorSat, além de João Serrano, presidente de outra associação - a Grand Brasil Proteção Veicular - e irmão de Naijane e Evaldo. Alexandre Knoploch explicou que também serão solicitadas as quebras de sigilo bancário, fiscal e telemático.
"O que se verifica com essa associação acontece com outras. Agora, estamos vendo questões de sonegação fiscal, quando se cria uma associação e se faz a lavagem de dinheiro jogando esses recursos para outras empresas, que nada mais são do que braços de escoamento de valores. O relatório já está sendo finalizado pelo deputado Poubel e temos bastante robustez. Vamos ouvir esses irmãos na próxima reunião", acrescentou o presidente da CPI.
Também prestou depoimento a presidente da associação Atento, Zilma Muniz. Ela explicou que a entidade é de menor porte, com faturamento médio de R$ 40 mil, 220 associados e sem atuação de pronta-resposta. Knoploch elogiou a postura das duas depoentes ao contribuírem com os trabalhos da CPI. "Todos têm amplo direito à defesa ao serem ouvidos, mas, quando não estão aqui, partirá sempre da premissa daquilo que nós estamos avaliando", concluiu.
Também estiveram presentes na reunião os deputados Alan Lopes (PL), Luiz Paulo (PSD), Rodrigo Amorim (União), Sarah Poncio (SDD) e Professor Josemar (Psol).
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