O presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, foi preso por suspeita de vazar informações de uma operação policial. Bacellar já protagonizou várias polêmicas, incluindo conflitos com o governador Cláudio Castro e o secretário Washington Reis. Acusado de obstruir investigações ligadas ao Comando Vermelho, sua prisão gera tensão política, com deputados hesitando em votar sobre sua situação.
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso na manhã desta quarta-feira pela Polícia Federal, por suspeita vazar informações de uma operação ao deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, preso por ligações com o Comando Vermelho. Desde sua primeira eleição, em 2018, Bacellar acumula anos de poder e influência na política do Rio, mas também de envolvimento em uma série de crises, investigações e polêmicas.
Relembre os principais embates protagonizados pelo deputado estadual.
Durante um bate-boca na Alerj em junho deste ano, Bacellar deixou escapar um comentário em que alfineta diretamente o então aliado político. O episódio aconteceu durante uma sessão em que deputados aprovaram a convocação do secretário estadual Washington Reis (Transportes) para depor à CPI da Transparência da Alerj. Foram 58 votos contra um, do irmão do secretário, Rosenverg Reis.
Claudio Castro e Rodrigo Bacellar em inauguração da Ponte da Integração, que liga São João da Barra ao município de São Francisco de Itabapoana, em fevereiro — Foto: Reprodução
— Anteciparam muito a política do Rio de Janeiro. Foi um grande erro (...). Eu vou encaminhar para o Washington Reis não vir. Como o senhor que comanda mesmo o estado...
Interrompido por Bacellar, que sinalizava o fim do tempo de fala, o deputado levantou o tom. Ao fazê-lo, acabou instigando a resposta de Bacellar com a menção a Castro. Disse Rosenverg:
— O senhor não é o xerife do estado, presidente. Se o senhor manda no estado, o senhor não manda no meu mandato (...). Bacellar, então, rebateu:
— Aqui o buraco é mais embaixo. O senhor tá fazendo ataque pessoal. Comigo não vai, não. Não me confunde com o Cláudio Castro, não. Comigo, você não vai confundir não (…).
A frase foi dita pelo secretário de Transportes Washington Reis, após ter sido exonerado, no início de julho, por Rodrigo Bacellar, que assumia interinamente o Governo do Estado, durante uma viagem de Cláudio Castro a Portugal. O governador estava no avião, incomunicável, no momento da exoneração do secretário. De acordo com pessoas próximas, não foi informado antes do movimento que o aliado faria. Ficará sabendo quando pousar em Lisboa.
— Não considero a exoneração, a assinatura desse rapaz não vale nada. Não foi eleito governador. Não tem tamanho nem para ser síndico de prédio — afirmou, à época, Washington Reis. — O governador me ligou ontem dizendo para eu trabalhar tranquilo, que sou aliado dele. Aí o presidente da Alerj, que é uma vergonha, se comporta dessa maneira. Primeiro com a minha convocação para a CPI da Transparência, que eles desengavetam quando querem para pressionar adversários, e agora com isso.
Bacellar devolveu as críticas de Reis e chamou o agora ex-secretário de "insubordinado":
— Tenho minha forma de fazer política e não posso ter no quadro de secretários, respondendo interinamente pelo governo, um político insubordinado, que não tenho diálogo. Ele já escolheu o lado dele: está com Lula e Paes. Eu estou com Bolsonaro. Agora vamos olhar pra frente e trabalhar — disse Bacellar.
Ao voltar, Castro ainda teria tentado renomear Reis, mas foi pressionado a manter a demissão. No anúncio, disse que o ato de Bacellar foi "desrespeitoso" e "intempestivo", e prometeu a continuidade do embate político nos bastidores.
— Mantenho a exoneração de Washington Reis, mas este assunto será discutido pelos presidentes de partidos do nosso campo político, já que a sucessão ao governo estadual é um projeto de um campo político e não de um desejo pessoal e descoordenado — disse o governador ao g1.
A afirmação foi feita por Bacellar ao se referir ao comandante da Polícia Militar do Rio, Marcelo Menezes, durante uma sessão em setembro. O discurso de 15 minutos enfileirou críticas a diversas figuras da política fluminense, inclusive Eduardo Paes e o antigo aliado, Cláudio Castro.
Durante sua fala, Bacellar chamou o coronel Marcelo Menezes de "labubu do governador", em referência aos chaveiros criados pelo artista Kasing Lung, nascido em Hong Kong, e que se tornaram febre mundial. Ao criticar a agentes do Segurança Presente que ficam em carros com vidros fechados e no utilizando o celular, Bacellar disse que o coronel Menezes precisar "tirar a porcaria dessa farda bonitinha cheia de estrela e ir para a rua no final de semana com a camisa da PM verde e limão", em referência ao uniforme usado pelos policiais durante o policiamento nas praias.
— Aqui a minha crítica eu faço ao comandante-geral da Polícia Militar (Marcelo de Menezes), que parece mais um labubu do governador, porra. Tira essa porcaria dessa farda bonitinha, cheia de estrela, que todo mundo sabe quem é o comandante da Polícia do Estado e vai para a rua no fim de semana. É coisa tão banal e tão fácil de se fazer, basta querer. Se o comandante estiver in loco vai deixar os policiais incomodados para não mexerem no telefone — disse.
Ao voltar no tema segurança pública, Bacellar cobrou um convênio entre a prefeitura e o governo do Rio, sobretudo para aumentar o efetivo na saída das praias. Ele afirmou que Paes e Castro "vivem de vinho por aí para cima e para baixo" e dessa proximidade deveria haver um projeto conjunto.
Autor de um projeto que tenta endurecer o tempo de internação a menores de idade infratores, Bacellar ainda usou o exemplo de seu filho de 15 anos: "Ele sabe a regra lá em casa. Escreveu, não leu. O pau comeu no lombo dele":
— Porque ele já é homem para fazer filho. Para sair no fim de semana e falar papai, posso beber uma vodkinha? Pode, meu filho. Você pode tudo, desde que você tenha responsabilidade. Então, o que vale dentro da minha casa tem que valer para a rua. Não dá mais para assistir o que a gente está vendo — completou.
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