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Sempre é bom contar uma história. Mas, ainda melhor, é escrever sobre histórias que emocionam e conseguem arrancar o melhor das pessoas. A fim de encontrar um motivo real para continuar vivendo, Vanilce da Silva Freitas, de 57 anos, moradora de Campos dos Goytacazes, enxergou no mar de Atafona (distrito de São João da Barra) não apenas um local para praticar esportes- em seu caso, KiteSurf.  Conhecida carinhosamente como a “Loira do kitesurf”, ela carrega uma história marcada por fé, superação e amor pela vida- onde, claramente, o mar, o vento e Deus caminham juntos.

Quando os 50 anos batiam à porta, a entrevistada conheceu o Kitesurf. De acordo com ela, um namorado a teria apresentado a esta prática. “Logo no primeiro contato, algo novo e maior aconteceu”, lembrou. “Um portal se abriu, quando diante dos meus olhos, contemplei o céu colorido por pipas, o amarelo do sol e o mar repleto de velejadores. Era como se eu fizesse parte de tudo aquilo”, descreveu.

A idade nunca foi um limite ou empecilho. Pelo contrário. Vanilce já competiu em igualdade com atletas bem mais jovens e sempre foi acolhida com respeito e carinho pela comunidade do esporte. Ao fim dos velejos, vinha o ritual simples e afetuoso: um bolinho, boas conversas e risadas ao redor do mar. Para ela, esse convívio é parte essencial da experiência, tão importante quanto entrar na água. A entrevistada é movida pelo esporte e pela troca de experiências com os demais.

Acidente

Recentemente, um acidente durante a prática esportiva trouxe um grande susto. Um microfuro no kite a deixou à deriva no Pontal de Atafona. O resgate, porém, foi marcado por rapidez, empatia e socorro. Amigos solidários permaneceram por perto até a chegada dos guarda-vidas, que agiram com urgência e total atenção, especialmente, ao saberem que Vanilce possui limitações no braço esquerdo: consequência do tratamento oncológico. O inesperado episódio reforçou nela a confiança nas pessoas e no esporte — medo de voltar ao mar, ela garante: “Não existe”.

Câncer

Durante a Pandemia (episódio que marcou a história e vida de pessoas pelo mundo inteiro), a maior batalha de sua vida ganhou espaço: o diagnóstico de um câncer de mama em estágio avançado. Entre sessões de quimioterapia, uma internação na UTI por Covid-19 e dias de incerteza... “Me apoiei na minha fé. Todos os dias, ao abrir a janela, eu olhava para o céu e pedia forças; à noite, agradecia por mais um dia”, conta.

A desportista foi curada, sobreviveu e, segundo ela, nunca deixou de agradecer aos amigos, médicos e, claro, a Deus.

Atafona

É em Atafona, especialmente no Pontal, que Vanilce encontra o seu lugar sagrado. Mesmo nos momentos mais críticos, quando estava na UTI, ela levava o espírito para lá: “Velejava em pensamento, sentia o vento, subia e descia as ondas, observava o pôr do sol, os pássaros e os cardumes. Para este lugar de nostalgia, ela tinha a certeza de que voltaria”, relembra.

Hoje, retorna para agradecer, celebrar a vida e lembrar que tudo muda — e que cada dia traz novos caminhos. “Amo aquele lugar”, diz. “Gratidão a Deus por esse lugar sagrado.”

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