Ednaldo Rodrigues foi afastado da presidência da CBF. Pela segunda vez desde que chegou ao poder, o dirigente teve contra si uma decisão judicial que o tira da cadeira mais importante do futebol brasileiro.
E isso novamente aconteceu no âmbito da Justiça do Rio, após decisão do desembargador Gabriel Zefiro.
Quem fica no comando da CBF, para convocar eleições, é o vice-presidente Fernando Sarney, que entrou com petições na Justiça durante as últimas semanas para tirar Ednaldo do poder.
Qual foi a decisão
"Pelo exposto, determino: 1- o afastamento da atual diretoria da CBF; 2- que o Vice-Presidente da CBF, Fernando José Sarney, realize a eleição para os cargos diretivos da CBF, na qualidade de interventor, o mais rápido possível, obedecendo-se os prazos estatutários, ficando a seu cargo, até a posse da diretoria eleita, os poderes inerentes à administração da instituição, dispostos no art.7º do Estatuto da Entidade".
A base para decisão
A crise da vez envolve o questionamento de uma assinatura no acordo que, antes, tinha resolvido o questionamento sobre a eleição de Ednaldo, em 2022.
A suspeita recaiu sobre a condição de saúde do Coronel Nunes, um dos ex-dirigentes da CBF que assinou o documento em janeiro deste ano.
Por mais que tenha sido eleito por mais quatro anos à frente da CBF, Ednaldo viu a oposição crescer nas últimas semanas. A articulação política veio com vazamento de documentos e ações na Justiça.
Mesmo sem confirmar se houve ou não a falsificação, o desembargador responsável pelo caso decretou nulo o acordo assinado pelo Coronel Nunes e os outros dirigentes da CBF. Zefiro citou que fez isso "em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários".
"A robustez dos indícios trazidos aos autos leva à inarredável conclusão acerca de um fato, até mesmo óbvio: há muito o Coronel Nunes não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade. Seus atos são guiados. Não emanam da sua vontade livre e consciente", escreveu o Zefiro na decisão de hoje.
Ednaldo Rodrigues está no Paraguai, onde participou mais cedo do Congresso da Fifa. Nos últimos dias, já havia entre as federações estaduais e própria CBF a sensação de que uma decisão negativa paro o dirigente poderia estar a caminho.
De onde veio a história da assinatura
O documento em questão tem a data de 24 de janeiro de 2025. Por ordem alfabética, a primeira assinatura é a que rendeu polêmica: Antônio Carlos Nunes de Lima.
Além dele, Castellar Neto, Fernando Sarney, Gustavo Feijó, Adriano Aro (presidente da Federação Mineira) e o próprio Ednaldo Rodrigues (em nome da CBF) assinaram.
O documento é importante porque as partes reconheciam a validade da eleição de 2022, no processo que gerou o afastamento de Ednaldo em dezembro de 2023. O acordo, então, traria uma suposta calmaria ao ambiente político da CBF. Só que isso não durou cinco meses.
Quais os elementos trazidos para gerar dúvida de que Nunes, um octogenário ex-presidente da CBF, foi mesmo um dos signatários? Para começar, o estado de saúde dele.
O Coronel passou por uma cirurgia séria durante tratamento de câncer no cérebro.
Em 19 de junho de 2023, Jorge Pagura, médico que fez o procedimento e cuida do Coronel, fez um relatório no qual reportou "déficit cognitivo" no dirigente. Pagura ainda trabalha na CBF, como presidente da comissão médica.
O laudo passou a circular porque foi inserido em um processo na Justiça do Pará, no qual Nunes tentava interromper descontos de pensão da aposentadoria que recebe.
O relatório foi o primeiro elemento trazido na discussão atual sobre a assinatura do Coronel.
Na petição de Fernando Sarney, um dos vices da CBF que pediu afastamento de Ednaldo da CBF, mais um documento da mesma época: uma procuração assinada pelo Coronel dando poderes a outra pessoa para gerir sua conta bancária.
A escrevente do cartório até foi ao encontro do Coronel porque ele estava "impossibilitado de comparecer" ao órgão. A procuração tem tanto a assinatura por extenso quanto a rubrica do Coronel.
E a perícia?
Depois disso, veio um elemento controverso. Um parecer técnico de uma perita contratada pelo vereador carioca Marcos Dias (Podemos).
A empresa é de Jacqueline Tirotti. A conclusão dela é "impossibilidade de vinculação do punho" ao Coronel Nunes.
A perita citou "divergências em relação aos padrões apresentados, conforme demonstrado no exame, bem como, ressaltando a fragilidade do documento questionado, em razão da ausência de grampeamento/fixação de folhas e ausência de rubricas".
A empresa que fez o laudo já teve trabalhos contestados, como no uso de um vídeo para acusar o padre Julio Lancelotti de pedofilia e na discussão se a apresentadora Ana Hickmann assinou documentos que geraram uma dívida na casa de R$ 1 milhão.
A CBF disse que o laudo "está sendo utilizado de forma midiática e precipitada, em verdadeira espetacularização que atende a interesses nada republicanos e aparentemente questionado por terceiros absolutamente estranhos ao processo".
Só que quando o assunto chegou, por ordem do Supremo Tribunal Federal, de volta à Justiça do Rio, o Coronel Nunes não compareceu à audiência na qual poderia esclarecer a história toda. Diante disso, o desembargador decidiu afastar toda a diretoria da CBF.
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