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O Prêmio Plumas & Paetês Cultural celebrou sua 20ª edição na última segunda-feira (10), no Teatro Carlos Gomes, Centro do Rio de Janeiro, e prestou homenagem póstuma à carnavalesca Maria Augusta Rodrigues, natural de São João da Barra e reconhecida como uma das grandes criadoras do Carnaval Carioca. A cerimônia reuniu cerca de 100 profissionais dos bastidores do carnaval, reconhecendo, com a entrega dos troféus, artífices e profissionais que trabalham nos bastidores da pesquisa, criação, produção e cobertura do maior espetáculo da terra.

A edição de 2025 do Plumas & Paetês, que já premiou ao longo de duas décadas, mais de 1.400 profissionais em 51 categorias, escolheu a sanjoanense Maria Augusta como figura-símbolo do troféu e dedicou a estatueta a seu nome, reconhecendo o legado estético e o exemplo de defesa dos profissionais que trabalham nos bastidores do espetáculo. Na cerimônia também foram anunciadas novidades, entre elas a primeira edição da categoria “Assistente de Carnavalesco”, cujos vencedores desta edição foram Dandara Vital da Imperatriz Leopoldinense e Bráulio Malheiros da Porto da Pedra. 

MARIA AUGUSTA RODRIGUES
Maria Augusta Rodrigues, nascida em São João da Barra em 23 de janeiro de 1942, construiu uma carreira que atravessou décadas e deixou enredos marcantes no repertório do samba-enredo Carioca. Ela estreou profissionalmente no Salgueiro em 1969 como assistente de nomes como Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues, participou dos desfiles campeões “Bahia de Todos os Deuses” em 1969 e “Festa para um Rei Negro” em 1971, e ajudou a consolidar a identidade de escolas como União da Ilha do Governador, com enredos famosos como “Domingo” em 1977 e “O Amanhã” em 1978. Além de carnavalesca, atuou como comentarista de desfiles e integrou o júri do prêmio Estandarte de Ouro.

Maria Augusta dizia que o carnaval era a essência de sua vida. Ainda criança frequentava com a mãe as festas populares de São João da Barra e região. Cedo, teve contato com os bois Pintadinho e Jaraguá. dançando na rua, desfile de rancho, desfile de caboclo e bailes de clube. Tudo muito colorido, uma de suas características como carnavalesca. "O carnaval entrou em minha vida, nas estradas empoeiradas do norte do estado do Rio de Janeiro", relembrou em uma entrevista. Filha de xangô, primeiro, descobriu a umbanda e, depois, o candomblé. Passou a usar contas de proteção no pescoço e quase sempre roupas brancas. Mas desde a infância já questionava a existência. "Sempre fui muito mística. O que será do amanhã? De onde eu vim? Eu me faço essas perguntas desde criança, quando morava na beira do Rio Paraíba do Sul, numa usina de açúcar, na região de Barcelos, perto de Campos", disse em outra entrevista. 

Maria Augusta faleceu em 11 de julho deste ano, aos 83 anos, no Rio de Janeiro, vítima de complicações de um câncer. Sua morte foi noticiada por veículos de comunicação da capital e lembrada em notas de pesar por instituições culturais de todo o estado fluminense. A trajetória da carnavalesca foi amplamente celebrada por colegas, escolas de samba e autoridades, que destacaram sua contribuição estética e pedagógica ao Carnaval.

Professores, carnavalescos e profissionais de barracão lembram Maria Augusta por duas marcas centrais: a atenção ao acabamento estético, vindo daí a alcunha de “rainha das cores”, e a postura de mestra que visitava barracões, orientava costureiras, aderecistas e jovens criadores, e ajudou a abrir caminhos para mulheres nas funções de comando artístico do desfile. Seu trabalho é citado com destaque em resenhas sobre a história do carnaval e em notas oficiais do Ministério da Cultura.

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