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Veja artigo escrito por Carlos AA de Sá especialmente para o Portalozk.com , a pedido de Leonardo Ferreira
PUBLICADO POR: LEONARDO FERREIRA - 12/09/2017 - 16:30

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À pedido de Leonardo Ferreira, proprietário do Grupo OZK V.A.F. Comunicação, empresa que administra o Portalozk.com , o célebre jornalista Carlos AA de Sá escreveu um artigo em 2014. No texto, enviado em menos de 24h após o pedido, Carlos Sá, com seu humor lancinante, trata do uso exacerbado do celular, principalmente em transportes coletivos, como ônibus por exemplo. Ainda, o jornalista faz uma breve viagem ao passado contando sobre como eram os telefonemas em São João da Barra em meados do século passado. Vale a pena a leitura!

-- PARA REFESTELAR --

          ALÔ, BEBEL ? USOS E ABUSOS DO CELULAR

                                                                                              Carlos AA de Sá

Alô, Bebel? era o bordão que marcava a entrada em cena da personagem nova rica que, deslumbrada, liga pelo celular para a amiga Bebel, contando excitada o que está vendo de extraordinário nas festas e locais onde chega, no programa humorístico das noites de sábado na TV Globo

      O mau hábito exposto na televisão fica ridículo, mas divertido. Inoportuno é quando se está numa viagem intermunicipal como São João da Barra/Rio, que dura em média absurdas seis horas, e mal o ônibus entra na BR-101 começa-se a ouvir as estranhas campainhas de celular – e a criatividade nesse aspecto é imbatível, ouve-se hinos, músicas chatas, roncos de motor envenenado e até coaxar de sapos.

   Assim começa a tortura: benhê, tô saindo daqui agora, devo chegar a tal hora. Cê me espera na rodoviária? Ou: mô, tamo passando por Itaboraí, me espera no mesmo lugar, tá? Tudo em tom muito alto.

     Uns passageiros, geralmente vestidos como executivos, mal a viagem começa disparam telefonemas dando ordens e esporros, marcando reuniões, fazendo cobranças e falando mal de colegas e clientes, como se estivessem em seu escritório. Há dias ouvi esse comentário de outro passageiro, irritado com o palavrório: “Que babaca esse cara, se fosse o executivo que quer parecer, estaria telefonando de um carro do ano, com motorista particular.”

    Pior são as faladeiras que comentam de tudo com amigas, da coisa mais banal à mais escandalosa. Como a que dizia a uma amiga: “Já disse que só vou na sua casa quando seu marido está viajando. Não tolero que ele fique passando a mão na minha bunda quando você se distrai. E o pior é isso, você não acredita!” E todos em volta ficam sabendo dos hábitos do calhorda que é o marido da amiga.

    Tem as que gerenciam a casa pelo celular, seja no ônibus, no trabalho, ou andando pelos corredores do shopping, carregadas de bolsas de grife, mandando a empregada – real ou fictícia – fazer certas tarefas ou brigando com os filhos, ou ajudando-os nos trabalhos escolares de casa. Outras mandam e desmandam nos maridos, reclamam, cobram, choramingam, um horror.  E tem os sem civilidade que atrapalham espetáculos teatrais ou cinematográficos, interrompem palestras e reuniões.

     O telefone celular foi uma das melhores invenções dos nossos tempos. Facilitou a vida, agilizou comunicações, melhorou o desempenho de profissionais e empresas, um avanço e tanto. Quem conheceu as ligações telefônicas nos meados do século passado lembra-se da dificuldade que era conseguir falar com alguém em outra cidade. As ligações locais eram ruins, levava-se um bom tempo para conseguir uma linha, mas as interurbanas eram terríveis. Em S. João da Barra havia três ou quatro linhas telefônicas particulares, que interferiam na ligação quando alguém precisava falar do posto telefônico para o Rio ou outras cidades. Ah, sim, porque as ligações eram feitas no posto e afetadas pelas ligações pedidas pelos postos de Atafona e Grussaí. “Sai da linha, Atafona, gritava a telefonista, estou falando com o Rio!”

     Receber ligações interurbanas era outro sufoco. Quem ligava tinha de autorizar o chamado – pago - por um mensageiro para avisar ao interessado em casa/trabalho ou combinar antecipadamente que ele esperasse, sentado bonitinho na sala do posto em determinada hora até que a ligação fosse completada.

    O telefone celular mudou isso tudo, virou o mundo das comunicações de cabeça para baixo. Hoje qualquer um anda com seu celularzinho bem visível, liga de qualquer lugar, e principalmente quando quer impressionar. E enche o saco. Como a amiga da Bebel. As pessoas parecem ter perdido a noção de civilidade e transformado um benefício em praga. Fora os efeitos colaterais do aparelhinho, como tirar fotos, dos outros ou as selfie, que depois jogam na rede virtual.

Agora, cá pra nós, não podiam fazer algo parecido com os Correios? Privatizar, por exemplo, ou autorizar uma empresa concorrente a fazer entrega de correspondências. 

Veja por exemplo este caso: nesta sexta-feira 3 recebi cartão de Boas Festas do Sindiserf que foi expedido em agência no Rio de Janeiro no dia 20 de dezembro de 2013 e em outubro recebi cartão de felicitações pelo meu aniversário ocorrido em abril e postado no Rio naquele mesmo mês. Assim como Justiça morosa, dizia o grande Rui Barbosa, é injustiça, entrega de correspondência com tamaho atraso é o que?

Texto escrito por Carlos AA de Sá a pedido do proprietário do Portalozk.com , Leonardo Ferreira, em 11 de Janeiro de 2014.

#DescanseEmPaz


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