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Economia
Com risco de apagão, empresas investem R$ 12 bi em termelétricas e conta de luz vai ficar mais cara
Governo antecipou a entrada em operação de uma usina em São João da Barra, no Porto do Açu, no norte do estado. Mas, apenas quatro dias depois de entrar em operação, a GNA I parou de funcionar por problemas técnicos.
PUBLICADO POR: LEONARDO FERREIRA | PORTALOZK.COM - 27/09/2021 - 15:27

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Conhecido por explorar bem seu potencial hídrico para a geração de energia elétrica, o governo decidiu, para afastar o risco de apagão em ano eleitoral, concentrar sua estratégia na expansão da energia termelétrica, em vez de apostar em outras fontes renováveis. Como consequência, até 2025, pelo menos, a matriz energética terá uma participação maior de fontes mais poluentes, e o consumidor enfrentará custos mais elevados.

Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), estudos e simulações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam que o acionamento das térmicas entre janeiro e novembro deste ano custará R$ 13,1 bilhões. Isso será compensado na conta de luz.

E novos negócios estão surgindo: até 2026, estão previstos investimentos de R$ 12 bilhões em usinas térmicas no país.

Em outubro, o MME fará um leilão, em processo simplificado, para compra de adicional de energia, com prazo previsto para abril de 2022 a dezembro de 2025 e possibilidade de entrega antecipada. Isso é necessário para recompor o nível dos reservatórios das hidrelétricas. Mas o impacto na conta de luz deverá ser ainda maior.

Poderão participar do leilão térmicas a gás com custo de até R$ 750 por megawatt-hora (MWh) e a óleo diesel e óleo combustível de até R$ 1 mil/MWh. A fatura sairá mais cara do que os leilões anteriores, mas o governo argumenta que o “prazo desafiador” para entrada em operação resulta em custo mais alto. E aposta que ampliar a concorrência possa segurar os preços.

Fatia na matriz já chega a 21%
Em agosto, para efeito de comparação, o preço de referência do leilão para térmicas foi de R$ 266,86/MWh. No Ambiente de Contratação Regulada (ACR), onde as compras se dão por leilões, despacho do ano passado definia o valor médio do ACR em R$ 253,50/MWh para 2021. Fontes renováveis, como eólica e solar, têm preço médio de R$ 150/MWh.

A estratégia vai manter o patamar da produção de energia termelétrica acima da casa dos 20% por mais tempo. Diogo Lisbona, pesquisador do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ceri), lembra que a participação das termelétricas começou a avançar após o racionamento de 2001.

Pelos dez anos seguintes, essa produção esteve no patamar de 9%, subindo a partir de 2012. Este ano, a média está em 21%.

— Neste momento de crise, as termelétricas chegam a responder por 32% da geração, e as hidrelétricas estão no menor patamar, por volta de 50% — diz Lisbona.

Com isso, os investimentos em usinas térmicas vêm crescendo. Pelo menos 19 unidades novas estão sendo construídas, e outras estão sendo reformadas, religadas ou adiantadas. Só as usinas em construção vão adicionar 5.080MW ao Sistema Interligado Nacional até 2026.

— O parque térmico brasileiro é antigo, mas é uma alternativa fundamental com a crise hídrica e a intermitência das fontes solar e eólica. A despeito de ser uma energia mais cara, ela dá segurança e garantia de suprimento ao sistema — diz Gustavo Carvalho, gerente de Preços e Estudos de Mercado da Thymos, consultoria especializada em energia.

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R$ 4 bi para usinas antigas
Até 2026, estão previstos investimentos de R$ 12 bilhões em usinas térmicas no país. Desse total, pelo menos R$ 4 bilhões serão utilizados no retrofit de unidades antigas. A maioria das novas usinas térmicas vai operar com gás, especialmente do pré-sal, como fonte de energia.

Luiz Barata, consultor do Instituto Clima e Sociedade (iCS), ressalta que é possível remodelar usinas térmicas antigas, a óleo e carvão, para gás, para tentar baixar o custo. Mas afirma que, com os preços dos novos leilões, é difícil conter a escalada do preço.

Ele critica a opção pelas termelétricas — que demoram mais tempo para entrar em operação, são mais caras e mais poluentes — e diz que o país deveria apostar nas fontes renováveis bem planejadas e operadas.

— Há um espaço enorme para inclusão dessas fontes (eólicas e solares). Elas não precisam entrar acompanhadas de térmicas no Brasil, porque se formos capazes de recuperar os níveis dos nossos reservatórios, as próprias hidrelétricas vão complementar ou sanar a intermitência das fontes renováveis — afirma Barata.

Pelo menos 60% da capacidade de geração de energia pelas termelétricas está concentrada no Estado do Rio, para aproveitar a produção de petróleo e gás natural.

O governo antecipou a entrada em operação de uma usina em São João da Barra, no Porto do Açu, no norte do estado. A Gás Natural Açu liberou, no último dia 16, a operação comercial da usina movida a gás GNA I, um investimento de US$ 1 bilhão.

Segundo o MME, a entrada em operação foi antecipada em cinco meses. Mas, apenas quatro dias depois de entrar em operação, a GNA I ficou dois dias parada, por problemas técnicos. Ela tem 1.338MW de capacidade instalada, podendo abastecer seis milhões de residências.

Novas usinas
Perto de São João da Barra, vai a pleno vapor a construção, pela Shell, de uma usina a gás, a Marlim Azul. A previsão é que seja inaugurada em janeiro de 2023.

A Âmbar Energia, companhia controlada pelo grupo J&F, dona da JBS, comprou em junho a Central Térmica Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, com 640MW. A unidade pertencia ao grupo argentino San Atanasio Energía (Saesa).

Ainda estão sendo acertados detalhes do contrato de fornecimento de gás, que vem da Argentina, mas a expectativa é que ela entre em operação em breve, a tempo de ajudar a aliviar o sistema na seca. Procurada, a empresa não informou o valor do negócio e nem a data de ativação da usina.

Em Mato Grosso do Sul, a termelétrica William Arjona, em Campo Grande, foi religada em julho, depois de quatro anos parada. A usina foi comprada da Engie pela Delta Energia em 2019. Pelas projeções da empresa, a unidade vai gerar 190 MW, o suficiente para abastecer mais da metade da capital, Campo Grande.

No entanto, seu custo de geração de energia é de R$ 1.500 por MWh, bem superior ao de outras térmicas e muito acima do de uma hidrelétrica, em torno de R$ 180/MWh.

— O valor é alto, mas o custo de um déficit de energia para a economia seria ainda muito maior — diz Carvalho, da Thymos.

‘Poupança’ de água
Apesar da demanda pela energia térmica, a Petrobras decidiu colocar em manutenção a usina de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul. Isso mesmo com o pedido, feito em julho pelo ONS, de que todas as usinas adiassem suas manutenções a fim de aumentar a disponibilidade de geração.

Em nota, a Petrobras disse que “solicitações de adiamento, postergação ou aprovação de paradas fazem parte da rotina operacional e que seguirá atendendo, sempre que possível, às necessidades do sistema, garantindo a segurança operacional de suas unidades.”

Em julho, o Brasil registrou recorde na geração de energia por usinas termelétricas e a menor produção por hidrelétricas para o mês desde 2002, segundo dados do ONS.

De acordo com a entidade, as termelétricas geraram 18.625 megawatts-médios (MWmed) em julho de 2021, maior patamar histórico e o dobro do verificado em março, 9.341 MWmed.

Para Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, a recomendação é que as termelétricas, mesmo mais caras, continuem ligadas no período úmido e em 2022. Com isso, diz, o país fará uma “poupança” nos reservatórios. *Com informações Jornal O Globo


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